sexta-feira, 3 de maio de 2013

Técnicas do Judô

O judô não é simplesmete a arte de lutar, pois carrega também consigo uma filosofia de vida (como a palavra judô, que significa "caminho da suavidade" sugere). o judô, assim como quaisquer outras artes marciais, não existem para serem usadas para a violência, mas sim para o auto-aprimoramento tanto físico quanto intelectual.

 

Técnicas

 

O judô apresenta muitas técnicas, agrupadas em (1) nague-waza (técnicas de arremesso), composta por dois subgrupos: o primeiro, tachi-waza (técnicas de projeção em pé), envolve técnicas de ashi-waza (técnicas de perna), te-waza (técnicas de braço) e koshi-waza (técnicas de quadril), enquanto o segundo subgrupo é composto por sutemi-waza (técnicas de sacrifício), dividido em yoko-sutemi-waza (técnicas de sacrifício laterais) e ma-sutemi-waza (técnicas de sacrifício frontais), e; (2) katame-waza (técnicas de controle; normalmente utilizadas no combate no solo) – ossae-waza (técnicas de imobilização), shime-waza (técnicas de estrangulamento) e kansetsu-waza (técnicas de chave articular). Essas técnicas são pontuadas de acordo com a projeção resultante, o tempo de imobilização ou submissão do adversário. A punição do oponente é outro meio de se obter pontuação (MIARKA, 2011). Na aplicação de waza (técnicas), tori é quem aplica a técnica e uke é aquele em que a técnica é aplicada. As técnicas do judô classificam-se em:
  • Nage-waza (técnicas de arremesso, 投げ技)
  • Tachi-waza (técnicas em pé)
  • Te-waza (técnicas de braço, 手技)
  • Koshi-waza (técnicas de quadril, 腰技)
  • Ashi-waza (técnicas de perna, 足技)
  • Sutemi-waza (técnicas de sacrifício, 捨身技)
  • Mae-sutemi-waza (técnicas de sacrifício para frente)
  • Yoko-sutemi-waza (técnicas de sacrifício para o lado, 橫捨身技)
  • Katame-waza (técnicas de domínio no solo)
  • Osaekomi-waza ou osae-waza (técnicas de imobilização, 押込技)
  • Shime-waza (técnicas de estrangulamento, 絞技)
  • Kansetsu-waza (técnicas de luxação, 関節技)

 

Técnicas de projeção (nage-waza)

 

Nage-waza (em japonês: 投げ技) é o conjunto de técnicas que, engloba outras técnicas de projeção e/ou arremesso do adversário.
As técnicas de nage-waza são normalmente ensinadas em cinco fases, conhecidas por gokyo-no-waza. Essas fases começam pelas técnicas básicas, prosseguindo até as mais avançadas.

 

Gokyo-no-waza (versão 1934)

 

Dai-ikyo
  • De-ashi-harai
  • Hiza-guruma
  • Sassae-tsurikomi-ashi
  • Uki-goshi
  • O-soto-gari
  • O-goshi
  • O-uchi-gari
  • Seoi-nage
Dai-nikyo
  • Kosoto-gari
  • Ko-uchi-gari
  • Koshi-guruma
  • Tsurikomi-goshi
  • Okuriashi-harai
  • Tai-otoshi
  • Harai-goshi
  • Uchimata
Dai-sankyo
  • Kosoto-gake
  • Tsuri-goshi
  • Yoko-otoshi
  • Ashi-guruma
  • Hane-goshi
  • Harai-tsurikomi-ashi
  • Tomoe-nage
  • Kata-guruma

 

 Dai-yonkyo
  • Sumi-gaeshi
  • Tani-otoshi
  • Hane-makikomi
  • Sukui-nage
  • Utsuri-goshi
  • O-guruma
  • Soto-makikomi
  • Uki-otoshi
Dai-gokyo
  • O-soto-guruma
  • Uki-waza
  • Yoko-wakare
  • Yoko-guruma
  • Ushiro-goshi
  • Ura-nage
  • Sumi-otoshi
  • Yoko-gake

Outras waza

Habukareta Waza (técnicas preservadas da primeira versão do Gokyo 1895)
  • Obi-Otoshi
  • Seoi-Otoshi
  • Yama-Arashi
  • Osoto-Otoshi
  • Daki-Wakare
  • Hikikomi-Gaeshi
  • Tawara-Gaeshi
  • Uchi-Makikomi
Técnicas reconhecidas apenas pelo FIJ e não pelo Kodokan
  • Kouchi-Makikomi
  • Obitori-gaeshi
Kinshi-waza (técnicas proibidas em randori e shiai)
  • Kani-Basami
  • Kawazu-Gake

Shinmeisho No Waza (novas técnicas reconhecidas em 1982 e 1987)
  • Morote-Gari
  • Kuchiki-Taoshi
  • Kibisu-Gaeshi
  • Uchi-Mata-Sukashi
  • Daki-Age - Não aceita pela Kodokan.
  • Tsubame-Gaeshi
  • Kouchi-Gaeshi
  • Ouchi-Gaeshi
  • Osoto-Gaeshi
  • Harai-Goshi-Gaeshi
  • Uchi-Mata-Gaeshi
  • Hane-Goshi-Gaeshi
  • Kani-Basami - Não aceita pela Kodokan
  • Osoto-Makikomi
  • Kawazu-Gake
  • Harai-Makikomi
  • Uchi-Mata-Makikomi
  • Sode-Tsurikomi-Goshi
  • Ippon-Seoi-Nage

 

Técnicas de domínio no solo (katame-waza)

 

Também chamadas de ne-waza, são um grupo composto que incluem técnicas de imobilizações (osaekomi-waza), técnicas de estrangulamentos (shime-waza) e técnicas de articulação (kansetsu-waza).
As técnicas de arremesso e as técnicas de domínio no solo são inseparáveis, ambas trabalham juntas auxiliando uma a outra para decidir uma vitória ou uma derrota, sendo katame-waza as seqüências de um arremesso, assim as técnicas de nage-waza possuem um grande poder. A melhor e mais correta ordem a seguir no aprendizado das técnicas de domínio no solo é começar com as imobilizações, seguindo com os estrangulamentos e terminando com as técnicas de articulações.
Esforce-se primeiramente no conhecimento das técnicas de imobilização até que os movimentos principais façam parte da reação natural do seu corpo. Esta é a maneira mais eficaz e o caminho mais rápido para progredir nas técnicas de domínio no solo. Desenvolva o seu corpo forte e flexível e um espírito de perseverança.

 

Técnicas de amortecimento de quedas (ukemi-waza)

 

O equilíbrio é a lei primordial que rege o judô. Assim quando se perde o equilíbrio sujeita-se a quedas. E, como é natural, se não soubermos amortecer o contato do nosso corpo com o solo, estamos sujeitos a nos machucar.
Para evitar isso existe o que chamamos ukemi-no-waza. Saber cair é a base indiscutível das projeções. É necessário um treino metódico e perseverante, para vencer o medo da queda. Essa superação nos permite progredir nos conhecimentos do judô. Assim teremos um espírito aberto para ataque e defesa, aplicando os movimentos com rapidez e precisão. As direções fundamentais para ukemi são:
  • Ushiro-ukemi – queda para trás;
  • Mae-ukemi – queda para frente;
  • Yoko-ukemi – queda lateral, para esquerda ou direita (migui e hidari);
  • Zempo-kaiten-ukemi – rolamento;

 

Técnicas de pegada (kumi-kata)

 

Para uma eficiente aplicação das técnicas, o judoca deverá procurar a posição adequada, normal ou momentânea, de acordo com o transcorrer da luta, podendo ser natural ou autodefesa.
  • Migi ou hidari-shizentai – posição natural à direita ou esquerda: mão direita na lapela esquerda do oponente e mão esquerda na manga direita do oponente. Para posição natural à esquerda, basta inverter a posição.
  • Migi ou hidari-jigotai – posição de autodefesa à direita ou esquerda: passa-se a mão direita por baixo do braço esquerdo do oponente e coloca-se nas costas dele, e com a mão esquerda agarra-se a manga direita do oponente puxando o braço dele sob a sua axila esquerda. Para posição de autodefesa à esquerda é só inverter a posição.

 

Técnicas de movimentação sobre o tatame (shintai)

 

São as formas corretas de deslocamento sobre o tatame, salientando os seguintes detalhes: andar descontraidamente, mantendo os joelhos e tornozelos flexíveis, sem cruzar os pés. Deslocar-se em todas as direções deslizando os pés, fazendo o contato com o solo com a borda externa da planta dos pés, calcanhares ligeiramente levantados. Acompanhar os passos de seu oponente, se este empurra você recua, se puxa avança. Se o adversário o puxa, não resista mova-se com ele. Do mesmo modo não resista quando empurrado, se resistir o seu corpo torna-se rígido e perde facilmente o equilíbrio. Movendo-se no mesmo sentido do adversário é-lhe mais fácil controlar o corpo dele e desequilibrá-lo.

 

Técnicas de esquiva (tai-sabaki)

 

Para uma eficiente defesa contra as técnicas do adversário, deve-se mover o corpo com a máxima leveza, mantendo-se uma constante posição de equilíbrio. É importante lembrar que um trabalho de pés rápido, mas em perfeita estabilidade, é a base de todos os movimentos do corpo, podemos citar alguns movimentos:
  • Migi-mae-sabaki – esquiva à direita para frente;
  • 'Migi-mae-nawari-sabaki – esquiva rodando à direita para frente;
  • Hidari-ushiro-sabaki – esquiva à esquerda para trás;
  • Hidari-ushiro-nawari-sabaki – esquiva rodando à esquerda para trás.

 

Postura (Shinsei)

 

Shinsei é a posição base para todos os movimentos. Por isso um shinsei correto facilita a rapidez e a precisão na aplicação das técnicas.
Deve-se adotar sempre o shinsei para que a todo o momento seja possível uma pronta mudança de posição. O peso do corpo é igualmente distribuído por ambos os pés, sobretudo sobre a ponta dos dedos. São as seguintes posições:
  • Shizen-hontai – posição natural;
    • Migi-shizentai – posição natural à direita;
    • Hidari-shizentai – posição natural à esquerda;
  • Jigo-hontai – posição de defesa;
    • Migi-jigotai – posição de defesa à direita;
    • Hidari-jigotai – posição de defesa à esquerda.

 

Aplicações das técnicas

 

Kuzushi

 

Refere-se às técnicas de desequilíbrio; a prática de judô baseia-se no equilíbrio, portanto é um estudo de grande importância já que através dele aplicamos todas as projeções.
Para estudar as direções em que podemos desequilibrar, deve-se considerar o seguinte: O centro de gravidade do homem situa-se no baixo ventre. Sendo assim, quando a perpendicular traçada a partir do centro de gravidade até o solo cair fora do polígono de sustentação, encontra-se desequilibrado. Este desequilíbrio dá origem, nos praticantes, a oito direções designadas por happo-no-kuzushi; para frente; para trás; para direita; para esquerda e quatro oblíquas derivadas, assim como muitas outras. Assim quando o adversário se encontra em desequilíbrio para frente, temos de continuar o desequilíbrio, projetando-o para frente. Faremos para trás, quando se encontra em desequilíbrio para trás. Tendo em conta a advertência anterior e praticando com assiduidade e perseverança, progrediremos constantemente na prática deste desporto.

 

Tsukuri

 

É a relação entre a sua posição e a do adversário. É colocar o seu corpo na melhor posição para aplicar a projeção, enquanto continua a desequilibrar o adversário.
Tentar fazer uma projeção antes de estabelecer um tsukuri correto é pura perda de energia.

 

Kake

 

É a aplicação da projeção, obedecendo a seqüência: kuzushi, tsukuri e finalmente kake. Vale ressaltar que judô é usar a posição do adversário em benefício próprio e não projetá-lo por superioridade de peso ou força.
Ao aplicar uma projeção, usa-se o corpo suavemente como uma só unidade. Todas as partes do corpo devem atuar em harmonia. Se bem que em cada projeção se dê maior ênfase à utilização de determinada parte do corpo, tal como mãos, quadris ou pés, em qualquer projeção é importante o movimento de todo o corpo. A parte do corpo a que se faz menção serve para orientar a projeção do adversário.

 

Alguns princípios para orientação

 

  • Deve-se manter o corpo relaxado, proporcionando maior flexibilidade e certa imprevisibilidade frente ao adversário.
  • Para manter o equilíbrio flexiona-se os joelhos sem dobrar a cintura, demonstrando confiança. Na dúvida, faça um movimento rápido e decidido.
  • Tentativas receosas são inúteis e representam perda de energia.
Portanto estas três fases são muito importantes para execução perfeita das técnicas. Elas podem ser observadas no nage-no-kata (formas convencionais de projeção).

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