O Judô é uma arte hoje Olímpica, e praticada no mundo todo. Entretanto, o Judô não é somente Nage-Waza (técnicas de projeção) e Osae-Waza (técnicas de imobilização). O Judô tradicional, o Judô idealizado pelo Sensei Jigoro Kano, envolve técnicas de defesa pessoal (Goshi-Jutsu), Newaza (luta de solo com estrangulamento e finalização) e também Atemi-Waza (técnicas de chutes e socos).
Infelizmente, o Judô competitivo acabou restringindo, aos poucos, as
possibilidades de desenvolvimento nas outras áreas. As técnicas de goshin-jutsu e atemi-waza são treinadas apenas após a faixa preta, e normalmente na forma de Kata. E as técnicas de newaza
foram deixadas de lado, pelo fato de que em competições, à depender do
árbitro, o atleta tem muito pouco tempo para trabalhar a luta de solo.
Isso é razão para abandonar o newaza? Não! Saiba os motivos:
O Judô e o Jiu-Jitsu
Historicamente, o Judô e o Jiu-Jitsu são artes praticamente irmãs. Em geral, praticamente todas as técnicas de finalizações existentes no BJJ encontram-se no catálogo de técnicas do Judô. Entretanto, nenhuma arte no mundo desenvolveu tão bem a movimentação e a quantidade de variações das mesmas técnicas de solo quanto o BJJ (no Japão, o Kosen Judô continuou desenvolvendo o newaza, mas fica difícil saber até que ponto se desenvolveu tão bem quanto o BJJ). Não há outra arte no mundo mais especialista em newaza quanto o BJJ. Então, se precisamos de newaza, precisamos do BJJ.Motivos para desenvolver o newaza:
1. Kuzushi – Todos os golpes do Judô são baseados em três princípios: kuzushi (desequilíbrio), tsukuri (entrada) e kake/gake (execução). Um bom judoca entende bem os princípios do kuzushi de cada técnica, de cada movimento, enquanto em pé. Porém, no chão, novos princípios de kuzushi surgem, principalmente envolvendo o uso do quadril, do próprio peso, de estabilização do corpo, etc. E um bom judoca começa a se limitar quando a postura começa a ficar muito baixa ou a luta vai para o solo. O BJJ é fundamental para dar ao judoca a compreensão ampla do kuzushi em todas as posições possíveis: em pé, sentado, agachado ou deitado.
2. Defesa – Muitas vezes, em competições, sofremos o golpe e caimos em posição de defesa. Mas em geral, o judoca leigo em newaza não sabe se defender e as vezes perde a luta por conta de bobeiras dadas como resultado de uma defesa ineficiente. O BJJ é fundamental para ensinar aspectos de uma boa defesa enquanto a luta se desenvolve no solo.
3. Ataque – Muitas vezes, em competições, arremessamos o adversário e ele cai em posição de defesa, ou as vezes, caimos com domínio sobre ele e ele ainda não está em posição de defesa. Mas o judoca leigo em newaza, quando encontra-se nessa posição, pára e pensa: “hum… o que posso fazer agora?” E quando pensa isso, o adversário já foi para outra posição de defesa. Então o judoca pensa: “tá, ele mudou, mas posso fazer algo agora?” E o adversário mudou de novo. Como o tempo é curto, nessa hora o juiz dá o mate e a luta volta ao tachi-waza (luta em pé).
Com o treino de BJJ, isso muda. Ao cair com o adversário no solo, você cairá em uma posição que você já conhece e já sabe instantaneamente o que fazer. Com isso, você é capaz de realizar uma conexão imediata as vezes durante a própria projeção, para técnicas de imobilização ou finalização, com muito mais eficiencia e velocidade. Você não precisará pensar. Você simplesmente fará. E isso faz a diferença nos campeonatos.
Alguns poderiam contra argumentar da seguinte forma:
- Em competições, a maioria pouco se importa com newaza. Então pra que eu precisaria me importar também?
Respondo com a história de um músico de Jazz. Perguntaram a ele porque ele praticava com seu instrumento por nove horas diárias. Ele respondeu: “Porque todos os meus concorrentes praticam por oito horas diárias“.
4. Conhecimento técnico – Muitos Judocas não querem ser atletas, ou não querem mais competir. Mas são raros os atletas que não querem chegar na faixa preta, e até mesmo um dia ensinar Judô. O newaza é parte do Judô. Desenvolver o newaza com os melhores especialistas do mundo na área, o BJJ, é, também, estar estudando e conhecendo mais o Judô. É estar adquirindo conhecimento técnico que complementa todo o conhecimento do Judô. E um bom professor de Judô deve ser capaz de auxiliar seus alunos que querem ser competidores, dando conhecimento de qualidade, conhecimento eficiente e orientação. Saber newaza é fundamental.
Fonte:www.judoctj.com.br
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