Não existe competição no caratê tradicional, mas com o câmbio pelo qual
passou a modalidade, de disciplina marcial pura para esporte e meio de
desenvolvimento físico, paulatinamente algumas entidades passaram a promover torneios,
cujo fito era promover o intercâmbio e a amizade.
Outros, contudo, sempre alertaram para a alta letalidade de alguns golpes,
como sucedeu num desafio em que o opoente faleceu depois de um golpe desferido
pelo mestre Choki Motobu. Deste modo, naturalmente foram surgindo regras
probitivas e foram sendo adoptadas proteções aos esportistas, dependendo do sexo,
da idade etc., como colete para o peito e capacetes. Além deste aspecto
pragmático, as entidades pretendem fazer com que suas afiliadas promovam também
o lado filosófico do caratê, do respeito para com os colegas e demais
praticantes da modalidade.
Além da crítica sobre o perigos dos golpes, mestres ainda argumentam que as
competições fazem o caratê perder sua essência, como esporte e como arte
marcial, eis que, derivado das próprias normas de proteção aos lutadores, as
entidades vêm limitando o acervo de golpes que se podem utilizar, na verdade,
acenando com um repertório estreito do qual não se pode desviar, sob pena de
desclassificação ou não marcação de pontos. Mas tais técnicas são deveras
eficazes num embate real. Os mestres tradicionalistas dizem que o praticante
pode sair-se muito bem na competição, mas, como essa não admite contacto maior
nem controle verdadeiro das técnicas, ele não terá um ataque potente nem resistirá
a contra-ataques certeiros.
Enfim, estão em choque duas abordagens diferentes do caratê: uns com visão
tradicional, entendendo que se trata de uma arte marcial, cujo objectivo é o
aperfeiçoamento, do corpo, do intelecto, da personalidade etc.; outros, com a
visão desportiva, enxergando o caratê como mais uma modalidade.
Os torneios são realizados em duas modalidades, kata e kumite.
Uma terceira modalidade, que outros enxergam como subdivisão da de kata,
é a de bunkai.
Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo
com a qualidade do desempenho do atleta, de maneira análoga à ginástica
olímpica. São critérios fundamentais para uma boa performance a correta
execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da
variação de velocidade dos movimentos (bunkai). Quando o kata é
executado em grupo (usualmente, de três atletas), também é importante a
sincronização dos movimentos entre os componentes do grupo.
No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) enfrentam-se
por um tempo, que pode variar de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos
tanto pela técnica quanto pela área do corpo em que os golpes são desferidos.
As técnicas permitidas e os pontos permissíveis de serem atacados variam de
estilo para estilo. Além disso, o kumite pode ser de semi-contato (como
no estilo Shotokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin).
No modelo adoptado pela Confederação Brasileira de Karate-do - CBK, e
entidades a ela filiadas, e no adoptado pela Federação Nacional de Karate, de
Portugal, yuko equivale a um ponto e corresponde a um soco na área do abdome,
do peito, do rosto ou costas; wazari, dois pontos, sendo um chute nas áreas das
costas, do abdome ou do peito, ou chute nas laterais do tronco; e ippon, três
pontos, sendo um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com contato
rigorosamente controlado (ou, dependendo da categoria em disputa, com
aproximação de 5 cm a 10 cm, desde que o oponente não esboce reação),
independentemente do oponente estar caído ou não; aplicar uma técnica pontuável
no oponente completamente caído e sem chances de contra-atacar, num intervalo
de até 2 segundos, independentemente de ter caído por si só ou ter sido
derrubado com técnica de varredura ou projeção.
Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontuação semelhante a esta.
Por exemplo, a Confederação Brasileira de Karate-do Interestilos (CBKI),
bem como as entidades filiadas à mesma, utilizam wazari (meio ponto - ○),
para golpes chudan (altura do tronco); e ippon (um ponto - ●),
para golpes jodan (altura da cabeça), ou indefensáveis. Nesse sistema de
luta, o combate termina quando o tempo expira ou quando um dos dois oponentes
atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema de disputa ser Shobu
Sanbon (disputa por três pontos). Uma variação desse sistema é o Shobu
Ippon (disputa por um ponto), onde vence aquele que conseguir um ippon
ou dois wazari. Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon (disputa
por dois pontos), na qual vence aquele que obtiver dois ippon's ou quatro waza-ari's,
mas esta última forma de disputa é mais utilizada para competições infantis.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Competição no Karate
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