sexta-feira, 3 de maio de 2013

Competição no Karate

Não existe competição no caratê tradicional, mas com o câmbio pelo qual passou a modalidade, de disciplina marcial pura para esporte e meio de desenvolvimento físico, paulatinamente algumas entidades passaram a promover torneios, cujo fito era promover o intercâmbio e a amizade.
Outros, contudo, sempre alertaram para a alta letalidade de alguns golpes, como sucedeu num desafio em que o opoente faleceu depois de um golpe desferido pelo mestre Choki Motobu. Deste modo, naturalmente foram surgindo regras probitivas e foram sendo adoptadas proteções aos esportistas, dependendo do sexo, da idade etc., como colete para o peito e capacetes. Além deste aspecto pragmático, as entidades pretendem fazer com que suas afiliadas promovam também o lado filosófico do caratê, do respeito para com os colegas e demais praticantes da modalidade.
Além da crítica sobre o perigos dos golpes, mestres ainda argumentam que as competições fazem o caratê perder sua essência, como esporte e como arte marcial, eis que, derivado das próprias normas de proteção aos lutadores, as entidades vêm limitando o acervo de golpes que se podem utilizar, na verdade, acenando com um repertório estreito do qual não se pode desviar, sob pena de desclassificação ou não marcação de pontos. Mas tais técnicas são deveras eficazes num embate real. Os mestres tradicionalistas dizem que o praticante pode sair-se muito bem na competição, mas, como essa não admite contacto maior nem controle verdadeiro das técnicas, ele não terá um ataque potente nem resistirá a contra-ataques certeiros.
Enfim, estão em choque duas abordagens diferentes do caratê: uns com visão tradicional, entendendo que se trata de uma arte marcial, cujo objectivo é o aperfeiçoamento, do corpo, do intelecto, da personalidade etc.; outros, com a visão desportiva, enxergando o caratê como mais uma modalidade.
Os torneios são realizados em duas modalidades, kata e kumite. Uma terceira modalidade, que outros enxergam como subdivisão da de kata, é a de bunkai.
Na competição de kata, pontos são concedidos por cinco juízes, de acordo com a qualidade do desempenho do atleta, de maneira análoga à ginástica olímpica. São critérios fundamentais para uma boa performance a correta execução dos movimentos e a interpretação pessoal do kata através da variação de velocidade dos movimentos (bunkai). Quando o kata é executado em grupo (usualmente, de três atletas), também é importante a sincronização dos movimentos entre os componentes do grupo.
No kumite, dois oponentes (ou duas equipes de lutadores) enfrentam-se por um tempo, que pode variar de dois a cinco minutos. Pontos são concedidos tanto pela técnica quanto pela área do corpo em que os golpes são desferidos. As técnicas permitidas e os pontos permissíveis de serem atacados variam de estilo para estilo. Além disso, o kumite pode ser de semi-contato (como no estilo Shotokan), ou de contato direto (como no estilo Kyokushin).
No modelo adoptado pela Confederação Brasileira de Karate-do - CBK, e entidades a ela filiadas, e no adoptado pela Federação Nacional de Karate, de Portugal, yuko equivale a um ponto e corresponde a um soco na área do abdome, do peito, do rosto ou costas; wazari, dois pontos, sendo um chute nas áreas das costas, do abdome ou do peito, ou chute nas laterais do tronco; e ippon, três pontos, sendo um chute na cabeça ou nas laterais do pescoço, com contato rigorosamente controlado (ou, dependendo da categoria em disputa, com aproximação de 5 cm a 10 cm, desde que o oponente não esboce reação), independentemente do oponente estar caído ou não; aplicar uma técnica pontuável no oponente completamente caído e sem chances de contra-atacar, num intervalo de até 2 segundos, independentemente de ter caído por si só ou ter sido derrubado com técnica de varredura ou projeção.
Há, ainda, confederações que utilizam tabela de pontuação semelhante a esta. Por exemplo, a Confederação Brasileira de Karate-do Interestilos (CBKI), bem como as entidades filiadas à mesma, utilizam wazari (meio ponto - ○), para golpes chudan (altura do tronco); e ippon (um ponto - ●), para golpes jodan (altura da cabeça), ou indefensáveis. Nesse sistema de luta, o combate termina quando o tempo expira ou quando um dos dois oponentes atinge três pontos (sanbon), daí o nome do sistema de disputa ser Shobu Sanbon (disputa por três pontos). Uma variação desse sistema é o Shobu Ippon (disputa por um ponto), onde vence aquele que conseguir um ippon ou dois wazari. Há, ainda, outra variação: Shobu Nihon (disputa por dois pontos), na qual vence aquele que obtiver dois ippon's ou quatro waza-ari's, mas esta última forma de disputa é mais utilizada para competições infantis.

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