domingo, 14 de abril de 2013

O Jiu-Jitsu brasileiro

Jiu-jitsu brasileiro, jiu-jítsu brasileiro (em japonês: ブラジルの柔術, Burajiru no jūjutsu), Gracie jiu-jitsu ou Gracie jiu-jítsu (em inglês: Gracie jiu-jutsu) é uma arte marcial brasileira e estilo de jiu-jitsu Kodokan Ju jutsu desenvolvido pela família Gracie, no início do século XX, que se tornou a forma mais difundida e praticada do jiu-jitsu (exceto o judô) no mundo, principalmente depois das primeiras edições dos torneios de artes marciais mistas (MMA), o UFC, nos idos da década de 1990.
Apesar do nome da modalidade ser jiu-jitsu, na verdade, a modalidade foi desenvolvida como especialização e ênfase das técnicas de solo e controle, ne waza e katame waza, e com menos ênfase às técnicas de luta executadas de pé, tate waza. Por não serem o foco principal da modalidade, os golpes de ate waza acabam tendo papel coadjuvante e/ou intermédio para a execução de um golpe final de submissão do adversário.
O criador do estilo foi, em princípio, Carlos Gracie, que adaptou o Jiu Jitsu de Mitsuyo Maeda (Kodokan Ju Jutsu, ou Judô) com ênfase à luta de solo, haja visto que seu porte físico punha-lhe em severa desvantagem contra adversários de maior porte. Partindo do princípio de que numa luta de solo, quando projeções ou mesmo chutes e socos não são eficientes, mas alavancas, sim, o porte físico dos contendores torna-se de somenos importância. Nessa situação, aquele que tiver melhor técnica possuirá consequentemente a vantagem.
Se não foram originais em adaptar uma arte marcial provecta, haja vista que no Japão isso já há muito ocorrera com o Aikidô e o próprio judô, oriundos do jiu-jitsu, com o Karatê, oriundo do te-jutsu de Okinawa, ou mesmo no resto do mundo como o krav maga (Israel) ou a capoeira regional (Brasil), Carlos Gracie e depois Hélio Gracie foram originais em criar um paradigma que prima pela efetividade. Comprovado seu sucesso em competições, o jiu-jitsu brasileiro serviu de cerne do que viria a ser a modalidade artes marciais mistas.


História

 

Começo no Brasil

 

No século XIX, mestres de artes marciais japonesas migraram do Japão para outros continentes, vivendo do ensino dessas artes e de lutas que realizavam.
Mitsuyo Maeda, conhecido como Conde Koma, foi um grande praticante de Jiu-jitsu, nos primórdios deste. Depois de percorrer vários países com seu grupo, chegou ao Brasil em 1915 e fixou residência em Belém do Pará, existindo até hoje nessa cidade a Academia Conde Coma. Um ano depois, conheceu Gastão Gracie. Maeda ensinou um grupo que incluía Luiz França, futuro professor do mestre Oswaldo Fadda. Gastão era pai de oito filhos, sendo cinco homens, tornou-se entusiasta do Judô e levou seu filho Carlos Gracie para aprender a luta japonesa.
Pequeno e frágil por natureza, Carlos encontrou no judo (na época ainda conhecido como "Kano jiu-jitsu") o meio de realização pessoal que lhe faltava. Com dezenove anos de idade, transferiu-se para o Rio de Janeiro com a família, sendo professor dessa arte marcial e lutador. Viajou por outros estados brasileiros, ministrando aulas e vencendo adversários mais fortes fisicamente.
Em 1925, voltando ao Rio de Janeiro e abrindo a primeira Academia Gracie de jiu-jitsu, convidou seus irmãos Osvaldo e Gastão para assessorá-lo e assumiu a criação dos menores George, com quatorze anos, e Hélio Gracie, com doze. A partir daí, Carlos transmitiu seus conhecimentos aos irmãos, adequando e aperfeiçoando a técnica à condição física franzina, característica de sua família.
Também transmitiu-lhes sua filosofia de vida e conceitos de alimentação natural, sendo um pioneiro na criação de uma dieta especial para atletas, a Dieta Gracie, transformando o jiu-jitsu em sinônimo de saúde.
Detentor de uma eficiente técnica de defesa pessoal, Carlos Gracie vislumbrou no jiu-jitsu um meio para se tornar um homem mais tolerante, respeitoso e autoconfiante. Com o objetivo de provar a superioridade do jiu-jitsu e formar uma tradição familiar, Carlos Gracie desafiou grandes lutadores da época e passou a gerenciar a carreira dos irmãos.
Lutando contra adversários vinte, trinta quilos mais pesados, os Gracie logo conseguiram fama e notoriedade nacional. Atraídos pelo novo mercado que se abriu em torno do jiu-jitsu, muitos japoneses vieram para o Rio de Janeiro, porém nenhum deles formou uma escola tão sólida quanto a da Academia Gracie, pois o jiu-jitsu praticado por eles privilegiava somente as quedas (já vinham com a formação da Kodokan do mestre Jigoro Kano), já o dos Gracie enfatizava a especialização: após a queda, levava-se a luta ao chão e se usavam os golpes finalizadores, o que resultou numa espécie de luta livre de quimono.
Ao modificar as regras internacionais do judo e jiu-jitsu japonês nas lutas que ele e os irmãos realizavam, Carlos Gracie iniciou o primeiro caso de mudança de nacionalidade de uma luta, ou esporte, na história esportiva mundial.
Anos depois, a arte marcial passou a ser denominada de gracie jiu-jitsu ou brazilian jiu-jitsu, sendo exportada para o mundo todo, até mesmo para o Japão.
Hélio Gracie passa a ser o grande nome e difusor do jiu-jitsu, formando inúmeros discípulos, dentre eles Flavio Behring. George Gracie foi um desbravador, viajou por todo o Brasil, no entanto estimulou o jiu-jitsu principalmente em São Paulo, tendo como alunos nomes como Nahum Rabay, Candoca, Osvaldo Carnivalle, Romeu Bertho,Otávio de Almeida, dentre outros.
Royce Gracie e Rickson Gracie, filhos de Hélio Gracie, merecem um capítulo à parte pelo valor com que se impuseram como gladiadores e difusores da técnica e eficiência do jiu-jitsu nas arenas dos Estados Unidos e do Japão.
O jiu-jitsu hoje é o esporte individual que mais cresce no país: possui cerca de 350 mil praticantes com 1.500 estabelecimentos de ensino somente nas grandes capitais. Na parte de educação, o ensino do jiu-jitsu ganhou cadeira como matéria universitária (Universidade Gama Filho).
Com a criação da Federação de Jiu-Jitsu Brasileiro, as regras e o sistema de graduação foram sistematizados, dando início a era dos campeonatos esportivos. Hoje mais organizado, o Jiu-Jitsu Brasileiro já conta com uma Confederação e uma Federação Internacional, fundadas por Carlos Gracie Jr. como presidente (das duas entidades) e José Henrique Leão Teixeira Filho como vice-presidente da CBJJ, os dois partiram para uma organização nunca vista antes em competições de jiu-jitsu, as competições nacionais e internacionais que vem sendo realizadas, confirmam a superioridade dos lutadores brasileiros, considerados os melhores do mundo, e projetaram o jiu-jitsu ou brazilian jiu-jitsu, como a arte marcial que mais cresce no mundo atualmente.
Desde 1996, o Mundial de jiu-jitsu sempre foi disputado no Rio de Janeiro, exceto em 2007, quando ocorreu nos Estados Unidos da América.
Na década de 1990, o shihan Ricardo Morganti fundou no Brasil um novo estilo de Jiu-jitsu, denominado Morganti ju-jitsu.

 

Graduação

 

Adotam-se as seguintes divisões de faixas no jiu-jitsu desportivo brasileiro para seus praticantes, conforme suas experiências e habilidades:
  • Branca (iniciante, qualquer idade)
  • Cinza (4 a 6 anos)
  • Amarela (7 a 15 anos)
  • Laranja (10 a 15 anos)
  • Verde (13 a 15 anos)
  • Azul (16 anos ou mais (até 4 grau)
  • Roxa (16 anos ou mais (até 4 grau)
  • Marrom (18 anos ou mais (até 4 grau))
  • Preta (19 anos ou mais (até o sexto grau)
  • Preta e vermelha (sétimo e oitavo graus. Título de mestre)
  • Vermelha (nono e décimo graus. O último grau foi dado somente aos criadores do Jiu-Jitsu brasileiro; somente os mestres Carlos Gracie, George Gracie, Oswaldo Gracie, Gastão Gracie, Julio Secco, Hélio Gracie, Armando Wriedt (ainda em vida).
Os critérios de graus na faixa preta são:
  • 1º ao 3º - três anos cada, nove ao todo
  • 4º ao 6º - mais cinco anos cada, quinze ao todo
  • 7º ao 8º - mais dez anos cada, vinte ao todo
  • 9º - mais quinze anos
  • 10º - reservada apenas aos criadores da modalidade

 

Técnicas, golpes e regras

 

O jiu-jitsu brasileiro tradicionalmente é lutado com kimono trançado (embora haja a modalidade jiu-jitsu sem kimono) e as técnicas visam levar o adversário a uma posição chamada de finalização, o que significa que, se levada adiante, causaria a fratura de um osso ou a morte por asfixia respiratória ou circulatória. A posição de finalização pode ser:
  • reconhecida intencionalmente e manifestamente pelo derrotado através de dois tapas seguidos com a mão (ou, se as duas mãos estiverem presas, com o pé) no solo (tatame), no próprio corpo ou no do adversário; ou ainda por qualquer manifestação verbal que indique o desejo de parar a luta.
  • reconhecida não intencionalmente pelo derrotado, através de gritos como "ai".
  • requerida pelo técnico ou treinador do derrotado.
  • avaliada pelo árbitro (nocaute técnico).
Quando o tempo da luta se exaure sem que haja uma finalização, é declarado vencedor aquele que ganhou mais pontos ou, em caso de empate, mais vantagens. Se persistir o empate, há a contagem por punições e, sucessivamente, uma avaliação subjetiva da arbitragem.
São contados dois pontos para queda, dois pontos para raspagem (derrubada de adversário já no solo), três pontos para passagem de guarda (situação em que o lutador consegue transpor as pernas do adversário, chegando à posição lateral, terminando numa imobilização estabilizada em três segundos), quatro pontos para montada ou ataque pelas costas.
São contadas vantagens para passagens ou montadas não estabilizadas, bem como golpes encaixados que não resultem em finalização. A punição pode ocorrer em várias situações, notadamente, em caso de pouca combatividade ("amarração") de quem estiver em vantagem, aproveitando-se de tal situação para deixar o tempo passar sem risco de reversão, mesmo após três advertências.
Alguns dos golpes mais conhecidos:
  • De braço: arm-lock, chave americana, chave kimura, chave de bíceps.
  • De mão: mão-de-vaca.
  • Estrangulamentos: mata-leão, triângulo, ezequiel.

 

Golpes proibidos (CBJJ)

 

De 04 a 12 anos

  • Bate estaca
  • Chave de bíceps
  • Mão de vaca
  • Triângulo puxando a cabeça
  • Chave de pé (todas as formas)
  • Chave de joelho, leg-lock
  • Cervical
  • Mata leão de frente
  • Ezequiel
  • Chave de panturrilha
  • Omoplata
  • Gravata técnica de frente
  • Kanibasami (tesoura)
  • Chave de calcanhar
  • Gogo plata
  • Omoplta de mão

De 13 a 15 anos

  • Chave de bíceps
  • Mão de vaca
  • Triângulo puxando a cabeça
  • Chave de pé (todas as formas)
  • Chave de joelho, leg-lock
  • Cervical
  • Mata leão de frente
  • Ezequiel
  • Chave de panturrilha
  • Kanibasami (tesoura)
  • Chave de calcanhar

De 16 a 17 anos e adulto faixa branca

  • Bate estaca,
  • Leg lock
  • Cervical
  • Chave de bíceps
  • Chave de panturrilha
  • Mão de vaca
  • Mata leão no pé
  • Kanibasami (tesoura)
  • Chave de calcanhar

De adulto a sênior 5 (faixas azul e roxa)

  • Mata leão no pé
  • Bate estaca
  • Leg lock
  • Cervical
  • Chave de bíceps
  • Chave de panturrilha
  • Kanibasami (tesoura)
  • Chave de calcanhar

Adulto a sênior 5 (faixas marrom e preta)

  • Bate estaca
  • Cervical
  • Kanibasami (tesoura)
  • Chave de calcanhar

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